quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A pugelância da insônia feliz.




A insônia feliz talvez seja uma bem aventurança maior ou tão grande quanto o sono repousante. Dormir todos dormem, todas as noites. Eu, incluso. Mas tirar uma madrugada para a insônia, se forçar a ficar acordado, e além disso ainda esquecer ( as coisas continuam existindo, aí entra um certo "espírito oportuno" para escolher a noite a ter de insônia) os problemas, ou casualmente, no decorrer das horas, observa-los com uma distância que eu chamaria de religiosa, no sentido que entendo o termo, o que o povo diz nas ruas: o que não tem solução, solucionado está. Óbvia idiotice, mas dentro de um hedonismo dos e nos ponteiros, horas leves, distanciar-se -não covardemente - o sol virá - Apolo não é um grande filho da puta com seu mustang em chamas- das questões que me dariam uma insônia desesperada.
Cabe dizer: Sempre fui insone. São anos de treinos para atingir o esplendor no escuro da insônia feliz. Ou já vi gente que nasce com o dom. Nasci com poucos dons.
A mulher que eu amo dorme agora. Sei que mesmo no verão mais escroto ela gosta de ao menos um lençol sobre ela. Me faz feliz cobri-la como um beijo em tecido. Aquele livro encostado, esquecido, bravamente resistiu aos cupins.O filme que se queira ver sem luz. Percebe-se com esses exemplos que me são "decentes",  "de salão" prescrever que a insônia feliz deve ser vivida sozinho ou com alguém que entenda o propósito- e mais, entenda o que você diz e mais, silencia. (A mente muda de madrugada, precisa acender POR DENTRO). A insônia feliz não é espaço para discussão ou debates. É um momento de linguagem que transgride a linguagem diária, dos carros de fogo e chatices a dar de comer. Lembro agora nesse momento ( 4:03 a.m.) com leveza, sem ideologia, como se ele estivesse aqui, bem em sua espera última, elixir na mão, beberica, de Marx em sua idéia de "anarquia feliz". Ou seja, o que vem depois do comunismo. Em outras palavras, quando a luta de classes não é mais necessária. Obrigado, Marx. Termine a bebida e voe como outros tantos fantasmas simpáticos que me visitam. Não lhe tenho mais tanto saco. Nada de palhaços. Evite fantasmas de palhaços. Eles fodem tudo, expulse-os com violência e vigor crescente até que pulem fora.
 Também não descobri a insônia feliz ( quem inventa uma transgressão ? ou melhor: quando, como, algo passa a ser uma ? ), apenas a nomeei de minha forma e tento na medida qua a madrugada avança... - ah, o cão suspira às minhas costas, ainda longe do seu dever em correrias sem sentido ( isso me faz amar os cachorros, o sem sentido de suas atividades, ao NOSSO entendimento, durmam cachorrinhos, durmam sábios cães velhos e com olhos de mais sabedoria do que o sujeito que o afaga, durmam, vocês têm a liberdade a cada dia de suas vidas ).
E não pensem que não tenho mais insônias desesperadas. Que sou um mestre, guru ou o maior caralho de algo como kung-fu ou sacações.
O dia-a-dia, bem o queria um assim, costuma ser cheio e você precisa de um bom tempo de sono para se recuperar. Mais cheio, um tipo que sim, me agrada ( com simplicidade de um trabalho modesto)com felicidade. Horas trabalhadas. Mesmo sem registro, direito trabalhista algum.
Eu preciso agitar as coisas- pensa meu eu amanhã. Mas ele é outro. Estrangeiro sem graça no agora.
Issos não me preocupam nesse exato momento.
A insônia feliz faz com que planos de também felicidade breve, futura se tornem mais fáceis de serem concretizados, o pessimismo diminui, enfim, talvez seja a estrela maligna a seduzir. Ou um epilepsia latente. Foda-se. Mas te dá pique, depois do descanso - isso fica ao correr do sol na orbe veraneio atual - para LUTAR por aquilo que você quer( Por favor, não é conselho. É treino de saber dar porradas e continuar doce). Se for bacana, como o amor, a coisa mais bacana do mundo e viver junto & pregar fotos nossas na parede do corredor do novo apartamento & tal & etc, ai.
Ou seja. A insônia feliz é útil. Estar feliz aqui, agora, não me faz menos pragmático que o normal, apenas mais  humilde, ou seja: saber quando usar minhas bolas e não virar um jogador de boliche imbecil de merda na mola bate e volta das invejas que carregam e, sei lá, devemos carregar muita desgraceira condenável também, mas o olho que sacaria isso em nós está no meio da bunda. Quem já tomou tem chance até.


O dia amanhaceu.
Chuvisco e acordes de ansiedade pelo que virá de bom.
O de ruim ainda não me pegou.
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( Não confundir isso com uma crônica. É o resultado desencanado. Não confundir isso com um elogio aos notívagos. Geralmente são chatos e não sabem beber ou acreditam que sabem, que arrasam  e não se ligam em quem é Paulo Cesar Peréio( rei das insônias tesudas), mas sempre falam de futebol e bocetas).
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