sábado, 28 de novembro de 2009

De joelhos, em pé.

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E dizem para que eu ore, e não pensem que não o faço,
mais que isso, eu canto,
como os antigos desbravadores - só se desbravam utopias ou carcaças -
Canto em ausência de literatura,
absoluta,
sem agradar ninguém canto,
pois quem canto não se agrada,
louvo o homem que sai da prisão de grades ou estradas largas e desertas
e procura emprego em uma borracharia que não tem máquina de refrigerantes,
agracio o homem que salva seu amigo de uma fria,
envolvendo cocaína, uma puta desmaiada e o possível assasssinato de um policial,
bato palmas e dou um soco em quem demorou para abrir a porta na segunda chance,
ou que fosse a terceira, não é assim, sete mil vezes para quem aconselha o genuflexório ?
abençoado seja o meu cérebro dentro do lava jatos,
que me ofereceu o silogismo: Por Vezes a Má Sorte é Apenas Falta de Cuidado.
Ah, como amo os descuidados,
como me tocam suas lágrimas quando notam que foram patéticos usando aqueles disfarces, as bengalas, apenas para retornarem cafunguentos até a casa solitária cercada de posters de mulheres nuas e com dentistas competentes até os pentelhos do espírito photoshopado,
Como me agradam os jovens que tocam o sexo do mesmo sexo e só dormem com carinho que arrepia o frio e as paredes e as notícias do sub-momento.
Viva seja a dança da voltagem nas tomadas elétricas
e mesmo assim, vivo seja o cadáver encontrado sorridente no centro do matagal sem digitais,
Bebo mesmo em louvor o vinho do Cântico dos Cânticos, esse que só pode sair da boca amada, e bem dito em latim, diz o amante: - Corramos, uva !
Os que correm, os que tropeçam, os que ofegam, os que desmaiam na montanha e acordam entre leões montados por pássaros dissidentes da ditadura belezinha,
os que mordem os próprios joelhos quando os soníferos não fazem efeito,
os perfeitos atlas de anatomia humana rabiscados por uma criança defeituosa,
viva os labirintos do SPC, do SERASA, da Culpa,
os escrotos dos advogados, o prazo de carência para os carentes em suicídio,
a língua que não queima na hóstia,
e nem mesmo quando se alimenta do corpo e do sangue da mesquinharia,
que tenham longa vida os que afirmam "Veja bem, existem coisas regulares e irregulares",
Sagrado seja o adjetivo "Complicado" para quando aplicado a um ser humano que não tem mais joelhos,
o seguro saúde, o seguro aposentadoria, o seguro da camisa de força
com todos psiquiatras éticos fotografando a cena,
usando ray-bans, tendo carta de motorista para um 4x4, e as cordas vocais estupradas com prazer pela amnésia ética, pela afasia da hombridade,
O reino dos céus em piscinas treponemas para a chefia que grita então:
- O senhor está me chamando de mentiroso ?! É isso ?
OH Excelcius !
Hosana no transporte lotação !
Êxtases místicos em acordar com o despertador às 5:00 e jaculações a cada buraco na avenida !
Ao cão que lambe a lata vazia de sardinha.
Ao gato que perdeu todos pêlos de seu rabo.
Ao papel amassado e esquecido do Sonho de Valsa e de Farsa !
Sim.
Eu oro. Me prego. Evangelizo caixas de mudanças.
Chagas por garrafas quebradas, brasas de cigarro, cicatrizes de pico na veia.
Muito louco, "bom dia, amigo sol". Bom dia, não se esqueça, fariseu destrapilho: bom dia, olheiras e pão amanhecido em calendários.
O vermelho sempre com o alaranjado.
Baita em Paz e que o Sorriso vos acompanhe.
º